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Maria de Melo - Reflexões


 

 

Do sertão de Minas Gerais, eu trouxe o amor pelo cerrado, pelo azul iluminado daquele céu, a beleza pura da natureza e das pessoas. O sentido de grupo, de solidariedade, e aprendi a respeitar os sonhos. Tantos os do dia como os da noite.

São Paulo me “civilizou”, me nutriu fartamente com ciência, filosofia, literatura,  psicologia. E aqui pulei para o mundo, terras distantes, para finalmente entender que o cerrado está em toda parte, às vezes muito gelado, mas que no essencial, somos um e queremos todos apenas ser felizes e amar. No fundo... Mas na superfície, estamos todos ainda muito brutos, muito ignorantes. No cerrado e nas maiores metrópoles da Vila Terra...

A Psicologia me trouxe um caminho para aprofundar em mim mesma, desbravar os mundos interiores, e a servir à humanidade, sendo eu também guia dos safáris a estas terras maravilhosas, na aventura de encontrar a própria alma, um viver potente, onde o amor viceja. 

 

 

 


 

O desafio aqui é manter a capacidade de entusiasmar-se, vibrar, ter o sabor da vida, mas distinguir isso de iludir-se, de ver miragens, de ser ingênuo. Ser realista é poder entregar-se confiando em si mesmo, é ir além das ilusões, seduções que te levariam a um otimismo vazio de conteúdo; e não cair no amargor, num azedume estéril, um desperdício de energia vital.

Existir – FOCAR, discriminar, sair da visão confusa, enxergar. Existir – nascer para este mundo; Estratégias de sobrevivência mais eficientes. Sair do desamparo fetal, nascer.

Ser – Não basta sobreviver. Isso é básico, fundamental. Necessário, mas não suficiente. Depois disso, é preciso continuar em busca do Ser. Ser ou não ser, eis a questão – Shakespeare.

Descobrir que existo e sou. Quem sou? Saber isso para descobrir a relação, o outro. A possibilidade de trocas proveitosas, prazerosas para os dois da relação – Eu e tu.

A potência da relação a dois, a intimidade, a entrega.
A visão de quem eu sou e de quem é o outro se impõe. Mergulho em mim e no outro e descubro o NÓS.

O Eu, o Tu, o Nós – e o Ele e Eles

Desenvolver a maturidade social.
Saber mexer-se fora dos braços maternos e do olhar paterno. Saber os caminhos do mundo lá fora, suas leis, seu funcionamento. Tornar-se um cidadão do mundo, incluído como filho do planeta Terra, em trocas vitalizantes para si mesmo e para todos e tudo.

Quem sou? Onde estou? Para onde vou?

O passo seguinte na evolução como pessoa é ampliar os horizontes:
Desenvolver a maturidade cósmica, universal.

Sou:
Uma célula, um ovo, um feto, um recém-nascido humano.
Uma criança, um filho, ou uma filha. Irmão, ou irmã. Sou família.
Saio do quintal de minha casa e sou um cidadão ou uma cidadã. Sou uma sociedade humana. Amplio meus horizontes. Entro na cidade, no país, no planeta.

Amplio ainda mais meu horizonte.
Olho em outras direções. Em todas. Cresço horizontalmente, e encontro o outro-de-mim, os outros seres – humanos, animais, vegetais. Encontro o planeta.
Olho mais longe. O céu, descubro a dimensão vertical. A partir do fundo de mim mesmo, no mais profundo de mim, desço ali até Deus, e esta linha do divino sobe até o infinito de mim e lá, em níveis superiores, abraça tudo e todos. Sou um ser cósmico, sou uma estrela, irmã da Lua – como disseram São Francisco e Fritjof Capra, o físico quântico.
A maturidade humana está completa. Sou pó – da terra e das estrelas. Sou corpo físico, emocional, mental e espiritual. SOU. Eu sou aquilo que é – 
Jesus Cristo

Nossa tarefa de amadurecimento é esta. É descobrir e usufruir nossas heranças todas como filhos da Terra e de Deus, parte da Terra, Terra como nossa mãe, e parte do cosmos, seres universais.

Mas...
Antes de alçar vôo alto, temos umas coisas a resolver aqui na Terra. Antes, ou pelo menos ao mesmo tempo:
O equilíbrio do básico, do corpo-emoção-mente, é um fundamento indispensável, o trampolim. Por isso, o trabalho com as emoções, os conflitos, é essencial. O medo! Temos que mergulhar fundo neste assunto de nossos medos. Aceitá-los, conhecê-los e aprender a administrá-los. Temos muitos medos diferentes e é preciso saber muito bem sobre isso.
- Medo de morrer – de não sobreviver.
- Medo de não ser – de  não conseguir viver bem, com o mínimo de qualidade, de sabor de vida.
- Medo de não desenvolver nossa potência inteira – surge como uma insatisfação profunda, uma necessidade de completude, de algo mais. Mas neste nível não se trata da insatisfação primitiva de uma criança mimada (e portanto mal nutrida afetivamente), que está dominada por uma voracidade fruto de uma carência básica, uma miséria emocional que a torna um saco sem fundo, incapaz de receber e processar o que recebe; neste caso, há uma deficiência no receber e no ir buscar o próprio alimento; tudo que entra neste sistema-pessoa se perde, se esvai, pois há ali um “ralo”, um furo que não permite que a energia se concentre e se torne forte o suficiente para alavancar a potência da pessoa.

Por que crescer, evoluir?

Motivo egoísta:
à medida que evoluímos, ampliamos nossa consciência, vamos  acessando fontes de energia, cada vez mais de energia vital. Temos como pessoa mais criatividade, mais potência de expressar a nós mesmos nas muitas dimensões da existência humana. Temos condições de resposta mais funcionais à realidade interior e exterior. Vamos realizando nosso potencial humano.

Motivo altruísta:
saindo do pequeno cubículo que é nosso “umbigo” – nosso eu egoísta, imaturo –, nos tornamos úteis e construtivos não apenas para nós mesmos, mas descobrimos a alegria do amor – da generosidade, da solidariedade, de participar na criação da vida, revitalizar; realizar trocas revitalizantes não apenas para nós mesmos (deixar de ser predador da vida), mas para todos.

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